"Falo Mais Línguas Do Que Todos Vós" - 1Co 14:18.
Estudo sobre o
Dom de Línguas


 




Definição de termos
Línguas = glossolalia  (língua – idioma)



 

Primeiro Evento Bíblico tratando das Línguas

Gênesis 11:7-9 (Torre de Babel)
Línguas como sinal de julgamento.

Isaías 28:11-13
Línguas para o Povo de Deus (Judeus)

Fogo = Condenação/ Julgamento/ purificação ( Isaías 66:15-16 e Zacarias 13:9)
Deus usa o fogo para condenação  e purificação (Gênesis 19:24 e Jeremias 6:9)
Aparece 365 vezes no V.T. e 76 vezes no N.T.
Nota: mesmo quando é usado como purificação há sempre o aspecto de julgamento envolvido.

Usando o princípio da Hermenêutica “Lei da Primeira referência”, definindo que o sentido simbólico da Bíblia é constantemente o de sua primeira ocorrência, podendo haver outros, sem entretanto perder-se o primeiro significado.

Vemos o uso das línguas como julgamento em Gênesis 11:7-9. Em Atos 2:3 vemos línguas como que de fogo repartidas sobre cada um dos discípulos.
Notemos a menção feita nos quatro evangelhos a respeito do Batismo com o Espírito Santo:

Mateus 3:11 – “ ...vos batizará com o Espírito Santo e com fogo...”
(Mt 3:7 fariseus e saduceus)
Marcos 1:8 “...vos batizará com o Espírito Santo...”
Lucas 3:16 “ ...vos batizará com o Espírito Santo e com fogo...”
(ler versos 7-8-9)
João 1:33 “...esse é o que batiza com o Espírito Santo...”

Somente em Mateus e Lucas encontramos o termo “Espírito Santo e fogo”, onde na ocasião os Fariseus vieram ao batismo realizado por João Batista. Existe então uma clara distinção entre o batismo com “Espírito Santo” e o batismo “com fogo”. O primeiro é ligado ao depósito celestial e o segundo ao fogo inextinguível (Mateus 3:12 e Lucas 3:17). Podemos confirmar essa posição em Atos 1:5 e 11:16.
O Batismo “com fogo” está em oposição ao do Espírito Santo, e é sinônimo de condenação/julgamento.



 

Dois reinos das Línguas

De acordo com a interpretação dada atualmente aos textos concernentes ao dom de línguas, existem dois tipos:
As línguas inteligíveis ( Atos 2)
As línguas ininteligíveis ( I Cor 14)

Entretanto, o vocabulário empregado por Lucas em Atos é o mesmo que Paulo usou em sua carta aos Coríntios. E Lucas além de familiarizado com as cartas de Paulo, foi seu companheiro de viagens, estando familiarizado com seu vocabulário, ao ponto de caso fosse necessário empregar outro termo afim de eliminar possível confusão, o que não ocorre no texto.
Aceitando a infalibilidade das Escrituras, não podemos aceitar o fato da Bíblia se contradizer.
O que então Paulo quis dizer em I Cor 14:2 quando diz “...em língua desconhecida” ?
Examinemos em detalhes o dia de Pentecostes. O Pentecostes era uma festa celebrada ao 50º dia partindo da oferta de molho de cevada até o início da Páscoa.
Era proclamada como uma Santa Convocação, onde todo o homem israelita era obrigado a fazer-se presente no Santuário (Levíticos 23:16 e 21). Conforme Atos 2, o Espírito Santo colocou sobre cada discípulo língua de Fogo (julgamento), onde começaram a falar na linguagem nativa das diferentes pessoas presentes. Muitos países, pessoas e línguas são citados. E cada um entendeu, em sua linguagem de origem.

O falar era sobrenatural, porém o entender era natural.
Agora, supondo que houvessem alguns cristãos de Corinto presentes, cada um com um “Gravador” onde gravariam, separadamente, o que estava sendo dito e entendido, e retornassem a Corinto, tocando o que gravaram. Conclusão “...ninguém o entende...” ( I Cor 14:2). Obviamente ninguém em Corinto entenderia. E o mesmo ocorreria se tocássemos as fitas em nossa Igreja.
Agora, se a Igreja de Corinto fosse “transportada” até Jerusalém no dia de Pentecostes, eles entenderiam seu idioma (Grego) e somente isso, não as demais línguas faladas. E se o Espírito Santo resolvesse não incluir o grego, eles absolutamente nada entenderiam, não por se tratar de uma linguagem sobrenatural, mas simplesmente por não ser o grego.
A idéia de uma linguagem sobrenatural é estranha ao texto Grego.
Através de Sua Palavra, anjos, profetas, ou mesmo uma jumenta (Num 22:28) Deus sempre fala claramente.
Como posso acreditar que esse Deus que fez uma jumenta falar claramente pode fazer o homem, criado a sua Imagem e Semelhança, falar pior que a jumenta?
Na ocasião, haviam dois grupos de Judeus no dia de Pentecostes:
Os que visitavam Jerusalém (Atos 2:9-11)
Os nativos de Jerusalém e Judéia (Atos 2:13)
O segundo grupo de Judeus poderiam falar sobre o “Dom de Línguas”  exatamente o que Paulo disse em I Cor 14:2 “ ... porque ninguém o entende...”, de modo que os Apóstolos foram taxados de “Bêbados”.



 

Falando a Deus

O dom de línguas não se trata de Deus falando aos homens, mas sim dos homens falando a Deus. Olhando novamente o dia de Pentecostes não vemos a pregação do Evangelho em outras línguas, mas sim  “... falar das grandezas de Deus. “ (Atos 2:11).
Essa adoração a Deus tomou emprestada as línguas dos povos pagãos, as línguas de onde os Judeus vieram,  e por certo as entendiam. Em outras palavras, o louvor retornou ao Céu após um mergulho no oceano das línguas pagãs.
Isso certamente chocou os Judeus que vieram a Jerusalém, que acreditavam que sua língua, a língua do povo escolhido por Deus, era a única língua que o Senhor Deus entenderia. Mas através do Dom de línguas, Deus mostra sua acepção em relação aos demais povos, mostrando que agora  “...os gentios são co-herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo Evangelho.
“ (Ef 3:6).
No dia de Pentecostes houve: 




 

Em espírito fala Mistérios

O que Paulo quis dizer  quando escreveu aos Coríntios “...e em Espírito fala mistérios? “.
 Estava referindo-se a algo compreensível somente a Deus? Ou algo que ainda não fora revelado?
O sentido do termo mistérios ( mysterion ) no grego clássico é “qualquer coisa oculta ou secreta” e era empregado no plural (ta mysteria) para referir-se aos ritos sagrados das religiões gregas místicas.
Mas no Novo Testamento, mistério significa um segredo que está sendo ou mesmo que foi revelado, que é também divino em seu escopo e que só pode ser revelado por Deus aos homens através de seu Espírito.
Assim sendo, o termo é bem próximo quanto ao sentido do vocábulo neo-testamentário “revelação”.
Mistério é um segredo temporário, o qual revelado uma vez é conhecido e compreendido – não é mais um segredo.
Na teologia Paulina, os mistérios possuem quatro aspectos:
 




 

O Sinal e seu Propósito

Devemos agora voltar a questão: Certamente  o Dom de línguas era um sinal, mas para quem?
De sorte que as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis...” ( I Cor 14:22)
Este sinal não é para os fiéis. Naturalmente se o fosse, Paulo teria encorajado seu uso na Igreja, mas ao contrário, ele desencoraja seu uso ( I Cor 14:19).  E Paulo preferia proferir cinco palavras em sua inteligência a dez mil e língua desconhecida.
O final do trecho citado diz “...mas para os infiéis...”, onde a resposta está nos versos anteriores, onde Paulo exorta-nos a sermos “  adultos no entendimento “ e cita Isaías 28: 11 a 13
Nota: este é o grande perigo de saber as escrituras por textos fora do contexto ou por experiências.
“Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo...” (I Cor 14:21). Mas sobre qual povo ele está se referindo? Os judeus. Era um sinal para os judeus, especialmente os descrentes. Isto porque os Judeus não queriam acreditar na salvação dos Pagãos (pessoas de outras línguas) e que se opunham com todo seu poder. Paulo escreveu a eles “...e nos impedem de pregar aos gentios as palavras de salvação....” (I Ts 2:16).
Poderíamos ver Jonas como alguém que detestava “as línguas” (os ninivitas), ao ponto de desobedecer a Deus. Ele fugiu para Társis para não pregar a salvação a eles. Ele discutiu com Deus. Preferia ver a imensa metrópole perecer do que ser salva. Para ele, o Senhor era o Deus de Israel e de ninguém mais. Em seu rancor ele foi para longe para clamar pela sua morte. Se os ninivitas vivessem,  Jonas queria morrer. Ele repreende a Deus pela salvação dos homens  de cada tribo e nação. Seu espírito de resistência e descrença cresceu ao longo dos séculos.
Eles (os Judeus) pertenciam a Jeová e Jeová pertencia a eles. O círculo estava fechado e quem estava de fora era maldito.
Qualquer tentativa de irmandade ou tolerância causava violentas reações, morte para as odiadas “línguas” e quem as falava. (Vide Atos 21-17-40).
Jesus suscitou a ira dos Judeus ao lembrar que no tempo de Elias havia muitas viúvas em Israel  “E a nenhuma delas foi enviado Elias, senão a Sarepta de Sidom, a uma mulher viúva. E muitos leprosos havia em Israel no tempo do profeta Eliseu, e nenhum deles foi purificado, senão Naamã, o sírio. “. Aos olhos dos Judeus isso era suficiente. Ele (Jesus) mereceu ser morto.
Notemos o preconceito dos Judeus quando Jesus não foi recebido em uma aldeia dos Samaritanos, que não o receberam:
“E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez?” (Luc 9:54)
E Jesus os repreende dizendo “... Vós não sabeis de que espírito sois. “ (Luc 9:55).
Mais tarde, após terem recebido o Espírito Santo, esses Judeus crentes retornaram aos Samaritanos orando aos céus não para batizá-los com fogo, mas com o mesmo Espírito que receberam (At 8:14-15).
Vemos também a ira dos judeus quando Paulo anunciou que foi enviado a pregar para os gentios (Atos 22:21-22). Não comeriam, nem beberiam (Atos 23:12) enquanto não matassem o apóstolo que falou na língua dos gentios mais que qualquer outro.
Até mesmo Pedro precisou justificar-se perante a Igreja por ter pregado a Cornélio, onde ele expôs a visão que o Senhor lhe deu, anunciando a abertura da Salvação para os Gentios (Atos 11).
Concluindo esse trecho onde o propósito do Dom de Línguas está explícito em Atos, onde Pedro menciona o profeta Joel “...derramarei meu Espírito sobre toda a carne...e todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo (Atos 2:17-21).
O propósito? Dizer aos teimosos Judeus que o Evangelho estava disponível a todas as pessoas do mundo. Paulo conclui “...de fato as línguas são um sinal, não para os fiéis, mas sim infiéis.” (I Cor 14:22). Através do Espírito Santo, Paulo deu com exatidão, a identidade desses “infiéis”, chamado-os de Judeus “...por gente de outros línguas e por outros lábios falarei a esse povo...” (I Cor 14:21).



 

A Serpente de Bronze

Moisés fez a Serpente de Bronze de acordo com a ordem de Deus, que foi um meio de salvação para milhares de pessoas (Números 21:9). Isto foi um presente divino, o Poder da Palavra de Deus para salvação daqueles que cressem em Sua Palavra. O Senhor Jesus Cristo usou essa imagem em sua famosa conversa com Nicodemos, quando fez um paralelo entre sua Pessoa e a serpente “ E como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado.” (João 3:14).
Os israelitas mantiveram a Serpente de Bronze por séculos. Olhemos II Reis 18:4, para vemos o que o reis Ezequias fez “Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã.”  Tornou-se uma pedra de tropeço para Israel. Era exatamente a mesma Serpente do tempo de Moisés, não uma réplica. Agora os Israelitas  queimavam incensos à serpente que estavam reservados somente a Deus. Provavelmente quem reprovava a adoração a serpente, ouvia de seus partidários (da Serpente) as provas históricas e bíblicas, sem mencionar a experiência, para tal prática, sob pretexto de adoração a Deus. A propósito, foi Deus que disse para os Israelitas olharem para a Serpente, que é o mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 13:8).
Atualmente, existem certas práticas espirituais que podem ser comparadas a “relíquias” que são abominação aos olhos do Senhor . Para muitos, o Dom de Línguas é como uma relíquia que deve ser defendida de todas maneiras, pois afinal, foi Deus quem deu....mas foi Deus também que deu a Serpente de Bronze por uma razão específica por um período específico. Além de que coisas obsoletas, como um remédio vencido tornam-se perigosas após expirar o prazo de validade. Saúde transforma-se em Infecção. Foi justamente o que ocorreu com a serpente de bronze. A vida espiritual dos israelitas foi infectada. Quando foi removida pelo rei Ezequias, muitos pensaram que sua vida espiritual acabaria, visto não haver mais nada tangível. O mesmo ocorre com o dom de línguas, onde  pessoas que se baseiam  em experiências externas não as tiverem, entrarão em colapso. Não podem prosseguir sem.




 

O Falar em línguas como sinal do Espírito Santo

A essa altura do estudo 3 coisas ficaram bem esclarecidas:

  1. falar em línguas não poderia ser dirigido aos homens, mas, unicamente a Deus. Caso isso acontecesse seria como “moeda falsa” 1 Co 14:2
  2. falar em línguas era sinal aos judeus incrédulos que a salvação agora estava aberta a “todos” os povos, raças, línguas.
  3. havia somente um dom de línguas e esse era um idioma conhecido (glossa).


Portanto como pode ser que hoje muitos ainda teimam em dizer que o falar em línguas é a prova do batismo com o Espírito Santo? A única utilidade das línguas foram como sinal da entrada dos judeus e não judeus (gentios) no corpo de Cristo 1 Co 12:13 .



 

Quando desapareceria o dom de línguas?

Em 1 Co 13:8 a 10  Paulo escreve: havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá.
Como então dizer que o dom de línguas cessou logo após o pentecostes se os outros dois dons continuaram?
Simplesmente porque o Novo Testamento ainda não estava completo, e a profecias e a ciência eram necessários para seu término. Nossa fé é edificada sobre o fundamento dos profetas e apóstolos sendo Jesus Cristo a pedra angular. O conhecimento (ciência) e a profecia são parte da fundação, na qual ninguém pode acrescentar qualquer coisa mais.
Lendo devagar o versículo 8 temos: profecias –aniquiladas; línguas- cessarão; ciência – desaparecerá. Agora lendo o versículo 9 temos: em parte conhecemos; em parte profetizamos, cadê as línguas? Não estão no versículo ou  seja  o cessar das línguas não está amarrado à ciência ou a profecia ou com a vinda daquele que é perfeito. (vs 10)
O dom de línguas teve sua finalidade completa no Pentecostes e quando o fato dos judeus e gentios serem um só corpo do qual Jesus Cristo é o cabeça foi entendido e aceito e não mais contestado, o sinal foi retirado por não ser mais necessário.
Se interpretar que “o que é perfeito” é o Senhor Jesus Cristo nenhum dos três dons poderiam cessar até à volta de Jesus Cristo, mas lendo o versículo 13 temos: permanecem a fé, a esperança e o amor... em contraste com os três dons do versículo 10, permanecem mas após o que?
Ora a fé e a esperança desaparecerão quando da vinda de Jesus Cristo; o amor permanece porque é eterno. Essa é a ordem correta: o conhecimento e a ciência cessam quando a palavra de Deus revelada estiver completa (inteiramente revelada).
As línguas cessam quando sua finalidade fosse cumprida.
A fé e a esperança não cessam até a volta do Senhor Jesus Cristo.
O amor nunca cessará por ser a essência de Deus.




 

As sete colunas do Pentecostes

  1. língua conhecida, idioma – 1 Co 14:10; At 2:8
  2. não deve ser dirigida aos homens – 1 Co 14:2
  3. deve ser dirigida somente a Deus – 1 Co 14:2
  4. não é sinal para crentes – 1 Co 14:22
  5. é sinal para judeus incrédulos – 1 Co 14:21
  6. sinal de julgamento para judeus incrédulos – 1 Co 14:21
  7. Não é para uso próprio mas em público na presença de judeus incrédulos a quem se destinou – At 2:5; 1 Co 14:22

Extraído do livro “Falo mais línguas do que todos vós” 1 Co 14:18
G.F. Randal

(sumariado por
André F. G. de Souza e sua mãe Teresa Cristina)

 



Só use as duas Bíblias traduzidas rigorosamente por equivalência formal a partir do Textus Receptus (que é a exata impressão das palavras perfeitamente inspiradas e preservadas por Deus), dignas herdeiras das KJB-1611, Almeida-1681, etc.: a ACF-2011 (Almeida Corrigida Fiel) e a LTT (Literal do Texto Tradicional), que v. pode ler e obter em BibliaLTT.org, com ou sem notas).




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