Capítulo 10. Até Que Ponto Podemos Crer No Premilenismo Futurista?

John MacArthur Jr.


O que Harold Camping, Hal Lindsey e R. C. Sproul têm em comum? A despeito de suas divergentes posições no que diz respeito ao milênio, todos crêem que podem ser específicos no tocante ao tempo exato da vinda de Cristo, muito embora a Escritura advirta contra a especulação. 

O amilenista Harold Camping predisse (em 1992) a segunda vinda de Cristo e o fim deste mundo como o conhecemos para o ano de 1994.[1] Sua última atualização da previsão (no ano de 2005) apontava para o dia 21 de maio de 2011.[2]

O premilenista Hal Lindsey também se arriscou nessa previsão, pelo menos duas vezes. Primeiro, ele previu 1988.[3]. Depois, sua possível data sugerida mudou para 2007.[4]

Até mesmo R. C. Sproul embarcou nessa onda [“profética”] de estabelecer datas para a vinda de Cristo, embora num retrospecto histórico. Sendo um preterista parcial ou moderado, ele aponta a segunda vinda de Cristo para o ano de 70 d.C. Porém, para permitir uma ressurreição geral posterior, ele de fato propõe uma terceira vinda de Cristo, num tempo indeterminado no futuro.[5]

De forma clara, os três ignoram as lições dos profetas do Antigo Testamento e da curiosidade insatisfeita dos apóstolos do Novo Testamento: não compete aos seres humanos o conhecimento preciso de datas e tempos nos quais ocorrerão os eventos proféticos do futuro. Pedro falou dos profetas do Antigo Testamento (1Pe 1.10-11):

“Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada, investigando, atentamente, qual a ocasião ou quais as circunstâncias oportunas, indicadas pelo Espírito de Cristo, que neles estava, ao dar de antemão testemunho sobre os sofrimentos referentes a Cristo e sobre as glórias que os seguiriam”.

Os apóstolos do Novo Testamento desejaram ouvir de Cristo sobre o tempo específico de sua Segunda Vinda (Mt 24.3,36; Mc 13.4,32):

“No monte das Oliveiras, achava-se Jesus assentado, quando se aproximaram dele os discípulos, em particular, e lhe pediram: ‘Dize-nos quando sucederão estas coisas e que sinal haverá da tua vinda e da consumação do século.

E Jesus lhes respondeu:

“Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, senão o Pai”
.

Compare ainda Mateus 24.42,44,50; 25.13; e Lucas 12.39-40,46, onde Cristo usa “hora” e “dia” no contexto de suas parábolas sobre a segunda vinda.

Não satisfeitos com a resposta de Cristo, aproximadamente sete semanas depois no monte das Oliveiras, imediatamente antes da partida do Messias para os céus, eles o indagaram novamente (At 1.6-7):

“Então, os que estavam reunidos lhe perguntaram: ‘Senhor, será este o tempo em que restaures o reino a Israel?’ Respondeu-lhes: “Não vos compete conhecer os tempos ou épocas que o Pai reservou pela sua exclusiva autoridade”.

Tendo abordado a pergunta inicial em termos bem precisos quanto ao tempo, Cristo agora usa expressões de tempo de longa duração num sentido mais geral.

fator curiosidade se estende. Paulo escreve à igreja dos Tessalonicenses, que aparentemente o havia feito perguntas semelhantes com respeito aos profetas do Antigo Testamento e os apóstolos do Novo (1Ts 5.1-2). Ele responde:

“Irmãos, relativamente aos tempos e às épocas, não há necessidade de que eu vos escreva; pois vós mesmos estais inteirados com precisão de que o Dia do Senhor vem como ladrão de noite”.

Nem os profetas, nem os apóstolos, muito menos a igreja primitiva, sabiam os tempos (cronos), as estações (kairós), o dia (hemera) e a hora (hora). No que diz respeito ao tempo específico (dia/hora), ou geral (tempos/épocas), ambos, Jesus e Paulo, ensinaram sobre a futilidade de tais esforços.

Assim sendo, se eles não sabiam, por que as pessoas em nossos dias insistem em especular? Seria por uma crônica das Escrituras, ou por uma terrível má interpretação da Bíblia ou mesmo por uma desobediência voluntária? Mas a resposta óbvia da Escritura é que não temos necessidade de conhecer o futuro com um nível de especificidade e, portanto, Deus não o revelou em sua Palavra.

Isto significa dizer que há mais incerteza no que diz respeito a tempos específicos do que certeza? Em uma palavra, sim – com respeito a um tempo previsível no futuro. Mas não no que diz respeito à caracterização da vinda de Cristo em si.

Ambos, Cristo e Paulo, são muito claros quanto à possibilidade de uma predição acurada com respeito à data do retorno de Cristo. O evento não pode ser especificamente projetado por tempo e/ou épocas. Não podemos e também não necessitamos saber sobre o tempo do segundo advento de Cristo em termos tão precisos. Portanto, evitemos a impossibilidade de predizer o que somente Deus sabe, mas não nos revelou.

Bem, se não podemos saber o tempo (específico ou geral) do retorno de Cristo, o que podemos saber com certeza? O que Deus descortinou nas Escrituras! A seguinte discussão esboça cinco certezas da visão Premilenista Futurista considerando a segunda vinda de Cristo.


A CERTEZA DO FATO

Esta certeza fundamenta-se no atributo da veracidade de Deus (Is 65.16) e na impossibilidade de Deus mentir (Tt 1.2). Portanto, toda palavra que Deus profere é verdadeira. Um silogismo básico valida esta conclusão: 1) A Escritura é a Palavra de Deus; 2) A Palavra de Deus é verdadeira; 3) Portanto, a Escritura é verdadeira.

Deus o Pai (Sl 119.142, 151, 160), Deus o Filho (Jo 14.6) e Deus o Espírito Santo (Jo 14.17; 15.26; 16.13) falam somente a verdade, toda a verdade, nada mais do que a verdade.

Para que ninguém duvide de que a Escritura repetidamente fala da natureza verdadeira de Deus, vamos meditar nesta curta declaração teológica sobre a veracidade de Deus:

A ênfase do Novo Testamento sobre a veracidade de Deus é mais pronunciada. É no Novo Testamento que lemos que Ele é o verdadeiro Deus, ou o Deus da verdade (Jo 3.33; 17.3; Rm 3.4; 1Ts 1.9); que Seus juízos são verdadeiros e justos (Rm 2.2; 3.7; Ap 15.3 e 16.7); que o conhecimento de Deus é o conhecimento da verdade (Rm 1.18-25). O Novo Testamento afirma que Cristo é a verdadeira luz (Jo 1.9), o verdadeiro pão (Jo 6.32) e a verdadeira vinha (Jo 15.1). É Cristo que traz o verdadeiro testemunho (Jo 8.14; Ap 3.14); seus juízos são verdadeiros (Jo 8.16); ele é ministro da verdade de Deus (Rm 15.8); ele é cheio de verdade (Jo 1.14); ele é a personificação da verdade (Jo 14.6; Ap 3.7 e 19.11). Ademais, ele fala a verdade de Deus (Jo 8.40-47). O Espírito Santo é repetidamente chamado de o Espírito da verdade (1Jo 5.7; 16.13). O Evangelho, ou a fé cristã, é chamada de A Palavra da Verdade (2Co 6.7; Ef 1.13; Cl 1.5; 2Tm 2.15 e Tg 1.18). O Evangelho é a verdade de Cristo (2Co 11.10) e o caminho da verdade (2Pe 2.2). Dos cristãos é dito que encontraram a verdade, ao passo que dos hereges e descrentes é dito que erraram o caminho da verdade (1Jo 2.27; 2Ts 2.13; Ef 5.9 e 1Jo 3.19). A Igreja é chamada de coluna e baluarte da verdade (1Tm 3.15).[7]

Agora, no que diz respeito aos seus planos futuros, Jesus disse aos discípulos (Jo 14.3):“Eu voltarei”.

Os anjos também disseram aos discípulos (At 1.11): “Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi elevado aos céus, Ele há de vir, do mesmo modo como o vistes subir”.

Paulo falou afirmativamente aos Tessalonicenses sobre a segunda aparição de Cristo (1Ts 5.23; confira também 2.19; 3.13; 4.15): “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo o vosso espírito, e alma, e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso SENHOR Jesus Cristo”.

Com base no triplo testemunho de Cristo, dos anjos e do apóstolo Paulo, podemos descansar no fato de que Jesus virá uma segunda vez. Mas, para além deste ponto, as várias expectativas proféticas diferem em grande medida. Somente o Premilenismo Futurista oferece certezas bíblicas consistentes.


A CERTEZA RELATIVA QUANTO AO TEMPO
Embora não possamos saber o tempo do retorno de Cristo em termos absolutos, o tempo relativo – ou seja, a sequência dos eventos – pode ser conhecido com certeza. Para uma ilustração dos detalhes concernentes à sequência de tempo relativo, consulte a tabela sobre o Premilenismo Futurista (p. 10).

Estas certezas maiores incluem:

● A era presente da Igreja (At 2 – Ap 3)
● Que o próximo grande evento profético é o arrebatamento da Igreja que precede a septuagésima semana de Daniel.
● Que os sete anos de tribulação e da ira de Deus, que caracteriza a septuagésima semana de Daniel (Ap 6-18), seguem o arrebatamento pretribulacional.
● Que ao fim da septuagésima semana de Daniel, Cristo vem à terra estabelecer seu reino (Ap 19) de acordo com as alianças e promessas incondicionais de Deus com o Israel nacional.
● Que Cristo então governará sobre o reino milenar (com mil anos de duração) prometido a Israel, sobre a terra, a partir de Jerusalém, assentado no prometido trono de Davi (Ap 20.4-6).


A CERTEZA DA CONDENAÇÃO ETERNA DE SATANÁS DEPOIS DO REINO DE MIL ANOS DE CRISTO SOBRE A TERRA
Não durante a era da Igreja, mas durante o reino de Cristo sobre Israel e sobre o mundo (Ap 20.4-6), Satanás será encarcerado (Ap 20.1-3). Mas ao fim do reinado de mil anos, o maligno receberá uma última oportunidade para enganar o mundo (Ap 20.7-8).

A rebelião final contra Deus e seu domínio resultará na morte de todos os anarquistas sob fogo enviado do céu (Ap 20.9) e Satanás lançado no lado de fogo por toda a eternidade (Ap 20.10).


A CERTEZA DO JULGAMENTO FINAL DE TODOS OS ÍMPIOS APÓS O REINO DE MIL ANOS DE CRISTO SOBRE A TERRA
Apocalipse 20.11-15, de modo breve, porém especificamente, relata o julgamento final após o governo do Messias sobre o mundo a partir de Jerusalém – o juízo do grande trono branco – onde todos os incrédulos de todos os tempos serão declarados culpados do pecado quando forem acusados pelo Justo Juiz e sentenciados a uma existência eterna no lago de fogo, na companhia de Satanás, a Besta e o Falso Profeta, banidos para sempre da presença de Deus (2Ts 1.3-10).


A CERTEZA DA ETERNIDADE FUTURA NA QUAL TODOS OS CRENTES HABITARÃO PARA SEMPRE APÓS O REINO DE MIL ANOS DE CRISTO SOBRE A TERRA
O que virá após tudo isto? Novos céus e nova terra (Ap 21.1). Esta expressão reflete a eternidade futura em todo seu glorioso esplendor (Ap 21.2–22.15).

Todas estas certezas se harmonizam com o Premilenismo Futurista, mas não se encaixam com o Amilenismo, nem com o Premilenismo histórico, e muito menos com o Posmilenismo. Todas estas características foram extraídas das Escrituras, no sentido de entendermos somente o que Deus tem revelado em Sua Palavra e nada além da Palavra. Estas verdades não foram impostas às Escrituras a partir de um sistema teológico preconcebido (como no caso da teologia da Aliança), como ocorre no Amilenismo, Premilenismo histórico e Posmilenismo.


UMA PALAVRA FINAL
Até que ponto podemos crer no Premilenismo Futurista? Na medida em que cremos na veracidade de Deus e de Suas promessas nas Escrituras!

Por isso, a próxima vez que alguém indagar: “O que você crê sobre o milênio?”, você não precisará mais empregar aquela resposta patética “Promilenar” ou “Panmilenar” mostrada no prefácio. Agora você pode responder confiante e convicto: “Creio nas certezas bíblicas do Premilenismo Futurista!” Estas certezas proféticas não devem apenas afetar suas crenças, mas também seu comportamento (2Pe 3.13-17,18).

“Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça. Por isso, amados, aguardando estas coisas, procurai que dEle sejais achados imaculados e irrepreensíveis em paz... Antes crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo. A Ele seja dada a glória, assim agora, como no dia da eternidade. Amém”.

Assim, juntamente com o apóstolo João, desejemos com ardor a vinda do Messias:“Vem, Senhor Jesus” (Ap 22.20).


–– John MacArthur / Os Planos Proféticos de Cristo: Um guia básico sobre o Premilenismo Futurista – John MacArthur & Richard Mayhue – Cap. 10, Pág. 189-195






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