Uma Prova Gravada em Pedra
(A Proof Set in Stone)
[Capítulos 1 a 3: A Trindade em João 1]

Dr. Peter Bluer (PhD, BSc Hons) 




Capítulo 1
A Doutrina Fundamental do Cristianismo





         O ensino mais importante da revelação cristã é a Divindade do Senhor Jesus Cristo, também conhecida como Encarnação. Ele é o Messias prometido, enviado ao mundo para redimir  homens e mulheres dos seus pecados e dar vida eterna a todos quantos o receberem como Salvador.

         Ora, o que se entende por Divindade do Senhor Jesus Cristo? Esta é geralmente conhecida como a Doutrina da Trindade. Este é talvez um termo inadequado, transformado em uso comum durante séculos.

         Sem esta doutrina da Divindade do Senhor Jesus Cristo, tudo está perdido e o Cristianismo perde a sua significação, pois se Cristo é apenas uma criatura, isso O torna um ser criado e que Deus enviou alguém, um ser finito criado, para nos redimir. Um ser criado não poderia nos redimir da ira divina e somente o próprio Deus poderia fazê-lo. Se Cristo foi um ser criado, isso implica em que houve um tempo em que Ele não existiu e Deus vivia sozinho na eternidade.

         Para apreciar as verdades do Cristianismo é bem melhor que se deixe de lado toda a verdade, num detalhe tão preciso como este, deixando que esse entendimento penetre gradualmente em nossa mente, de modo que quando a verdade aflorar, ela será como se tivéssemos encontrado uma pedra preciosa escondida, para jamais ser novamente ocultada.

         Em muitas ocasiões, Jesus não contou toda a verdade sobre a Sua Divindade aos discípulos porque sabia que eles não estavam preparados para aceitar imediatamente a verdade total sobre o que Ele iria lhes contar. Ele nos conta em João 16:12: “Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora”.

         É verdade que quando um indivíduo pesquisa sozinho e descobre um ponto especial de crença, isto se torna sua propriedade duradoura.

Então ela é assumida pelo intelecto. Quando pesquisamos e em seguida fazemos uma nova descoberta, ela nos inspira. Isso se estende até a outros campos, além da fé. Contudo, à medida em que buscamos, às vezes descobrimos que aquilo em que antes acreditávamos não é verdade, e isso pode, e muitas vezes acontece, nos deixar alarmados. Mas a pessoa realmente honesta livrar-se-á do erro e continuará em sua busca pela verdade final.

         Infelizmente, muitos crentes acreditam em certos itens por terem recebido e aceitado as crenças dos seus mestres [ou pais], sem jamais terem se dado ao trabalho de pesquisar por si mesmos, a fim de obterem as respostas.

         Conseqüentemente, não devemos crer nesta doutrina da Divindade, simplesmente porque alguém [o autor ou o tradutor deste livro] nos disse para crer na mesma. Não façamos confissão oral por causa deste artigo de fé.

         A total implicação desta doutrina [da Divindade do Senhor Jesus Cristo] é tão sagrada e tão abrangente, que peço ao leitor para fazer uma pesquisa da verdade, como se estivesse garimpando em busca de pedras preciosas [N.T. - Para mim, que sou apaixonada por pedras preciosas, em razão de suas cores  deslumbrantes, descobrir que Jesus Cristo é Deus foi como encontrar o maior e mais precioso tesouro de toda a minha vida].

         Sei que a total implicação desta doutrina vai conduzir sua mente a um estado de reverência e quando você ponderar sobre a verdade da mesma, ficará maravilhado para sempre!

         Quando realmente se crê na Divindade de Jesus Cristo, então pode-se entender porque esta verdade é a doutrina fundamental do Cristianismo. Uma legítima fé nesta indescritível revelação [através da Palavra de Deus] pode ser aceita em seu coração através de uma revelação espiritual de Deus.

         Foi isso que aconteceu ao Apóstolo Pedro, conforme Mateus 16:13-21: “E, chegando Jesus às partes de Cesaréia de Filipe, interrogou os seus discípulos, dizendo: Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu Pai, que está nos céus. Pois também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela; e eu te darei as chaves do reino dos céus; e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus. Então mandou aos seus discípulos que a ninguém dissessem que ele era Jesus o Cristo. Desde então começou Jesus a mostrar aos seus discípulos que convinha ir a Jerusalém, e padecer muitas coisas dos anciãos, e dos principais dos sacerdotes, e dos escribas, e ser morto, e ressuscitar ao terceiro dia”.

         A confissão de Pedro de que Jesus é o “Filho do Deus Vivo” é a rocha sobre a qual a igreja do Senhor Jesus Cristo foi edificada [e não a Igreja de Roma, conforme ensina a doutrina católica]. É obvio, conforme a Escritura supracitada, que Jesus não explicou Quem Ele era exatamente, esperando que o Pai celeste revelasse a Pedro Sua identidade.

         Ora,  o termo “Filho de Deus” tem significação diferenciada à mente moderna daquela que tinha à mente judaica do primeiro século. Esse é um dos problemas para se chegar à compreensão desta verdade.

         No Evangelho de João, quando Jesus chamou Deus de Seu Pai, os judeus logo entenderam que Jesus queria dizer - que Ele era igual a Deus. “E Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só quebrantava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus. Mas Jesus respondeu, e disse-lhes: Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente. Porque o Pai ama o Filho, e mostra-lhe tudo o que faz; e ele lhe mostrará maiores obras do que estas, para que vos maravilheis. Pois, assim como o Pai ressuscita os mortos, e os vivifica, assim também o Filho vivifica aqueles que quer. E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou” (João 5:17-23).

         Chamar Deus de Seu Pai, fazendo-se igual a Ele.

         Esta conclusão, de que o Filho era igual a Deus não é a mesma a que chegamos hoje através dessa expressão. Se alguém se autodenomina “filho de Deus”, agora ninguém vai pensar que ele está se igualando a Deus. Em Lucas 3:38, Adão é chamado “filho de Deus” e ele não era igual a Deus [sendo ali apresentado como o mais longínquo ascendente do Senhor Jesus Cristo]. Na significação atual, iríamos entender isso no sentido de que ele era filho de Deus, do mesmo modo como falamos de um filho nosso.

         O que fez os judeus do primeiro século acreditarem que o termo “Filho de Deus” significava igualdade com Deus?

         Um livro excelente que trata da significação do Messias como sendo o Filho de Deus, tendo levado os judeus a igualar esta declaração com Ele sendo igual a Deus é “O Senhor do Céu”, da autoria de Sir Robert Anderson [traduzido por Mary Schultze]. Na p. 88 do livro “The Lord of Heaven” lemos o seguinte:

         “Pessoa alguma, que aceite as Escrituras como divinas, vai poder negar que no Seu ministério pessoal o Senhor Jesus reivindicou a Sua Divindade. A crucificação é uma prova pública de que Ele, de fato, confirmou essa reivindicação, pois sabemos que a expressa razão pela qual os judeus conspiraram pela Sua morte foi porque Ele não somente desrespeitava o sábado, como ainda chamava Deus de Seu próprio Pai:  Se o homem recebe a circuncisão no sábado, para que a lei de Moisés não seja quebrantada, indignais-vos contra mim, porque no sábado curei de todo um homem? ... Os judeus responderam, dizendo-lhe: Não te apedrejamos por alguma obra boa, mas pela blasfêmia; porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo”. (João 7:23; 10:33). Sua afirmação de ser Senhor até do sábado era em si uma afirmação de ser Ele igual ao Deus do Monte Sinai.  E quanto ao fato Dele se declarar Filho de Deus é que Ele pretendia que os seus ouvintes O entendessem.

         Isso Ele deixou inequivocamente claro. A acusação contra Ele era tal que, se fosse falsa, qualquer israelita piedoso tê-la-ia rejeitado com horror. Mas, em vez de rejeitá-la, Ele a aceitou de um modo pelo qual, até mesmo os homens comuns poderiam entender. Pois Ele depressa confirmou Sua unidade absoluta com Deus, dizendo que o Pai era responsável por todos os Seus feitos, inclusive, é claro, o milagre que eles consideravam uma violação à lei divina. Em seguida, Ele afirmou Sua igualdade com Deus como ‘autor e doador da vida’ - uma prerrogativa suprema da Divindade. E, por fim, Ele afirmou o Seu exclusivo direito à prerrogativa igualmente divina do julgamento.



         Em resposta aos judeus, Jesus lhes disse: “Na verdade, na verdade vos digo que o Filho por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer o Pai; porque tudo quanto ele faz, o Filho o faz igualmente” (João 5:19).

         Vamos mostrar que o Filho de Deus precisa ser ensinado pelo Pai porque o Pai é maior do que Ele (João 14:28) “...porque meu Pai é maior do que eu”.

         Essa condição de ser o Filho ensinado pelo Pai pode a princípio nos parecer uma contradição, mas logo vamos esclarecer o assunto.



 

Uma condição absolutamente necessária da Divindade de Cristo

         Vamos mostrar que a verdade da Divindade do Senhor Jesus Cristo é o verdadeiro ensino da Sagrada Escritura. Vou mostrar isso usando o Livro de Gênesis 1, comparando-o com o Evangelho de João.

         Quando abrimos o evangelho em João 1:1 e tomamos cada frase, passo a passo, vai ficar claro que João está tentando ensinar a ao leitor sobre a verdadeira natureza e Pessoa de Jesus Cristo. Antes de tudo, o leitor deve apagar de sua mente quaisquer idéias preconcebidas, por ele mesmo geradas, ou por antigos mestres, com referência à Pessoa do Messias.

         Agora peço ao leitor, à medida em que estudamos João 1:1, que nem mesmo se permita saber, neste estágio, que Jesus é identificado como o Verbo de Deus no Evangelho de João, verso 14: “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”. Essa identificação é quase impossível de ser removida da nossa mente, mas o leitor deve tentar fazê-lo.

         O fracasso em obedecer a este conselho pode ofuscar a compreensão do estudante sobre o que realmente a Escritura ensina. Este conselho,  removendo idéias preconcebidas sobre a Pessoa de Cristo deveria ser aceito e este mesmo conselho também deveria ser aceito quando considerarmos outros aspectos do ensino cristão.

         O problema é que a vasta maioria dos cristãos tem se tornado discípulos voluntários dos seus professores e esses professores têm sido discípulos dos seus mestres. Infelizmente, poderia acontecer que o ensino do professor não fosse correto. Por isso, o leitor deve checar essas coisas conforme o ensino de Mateus 15:13-14: “Ele, porém, respondendo, disse: Toda a planta, que meu Pai celestial não plantou, será arrancada. Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro cego, ambos cairão na cova.”  Essa mesma exortação é entregue na 1 Tessalonicenses 5:21: “Examinai tudo. Retende o bem”.

         Talvez o leitor não aprecie este conselho, mas é necessário que ele obtenha o entendimento do texto, o qual pode até ser contestado no que se refere a esta tentativa de demonstrar a Divindade de Cristo. Que ele deve até ser contestado e também ignorado sobre a mesma premissa porque o escritor também é um professor. É uma objeção válida e este é o meu conselho. Se o leitor não concordar com o que estou ensinando nestas páginas, então não creia neste ensino.



Creia somente depois de perceber esta doutrina por si mesmo.

         João 1:1 será mostrado em rápidos títulos, para evitar a implicação de nova interpretação, antes que  João mostre a verdadeira significação.

         A única maneira de o leitor chegar a um entendimento próprio  do que João diz é olhar para cada frase, tentando imaginar o que estava na mente do Evangelista, quando este estava escrevendo, de modo que ele possa compreender o que João vai nos revelar.

         Isso é exatamente o oposto de reler as palavras com as nossas idéias preconcebidas.






Capítulo 2
Comentário de João 1:1

        Lembrem-se que um homem é julgado pelo que ele fez, conforme Apocalipse 20:13, não pelas suas opiniões, de modo que não há transgressão em se fazer uma legítima inquirição sobre a Pessoa de Jesus Cristo, a fim de descobrir Quem Ele realmente foi.

         Para começar, o leitor deve chegar à correta  interpretação de João 1:1, antes de conseguir entender a completa revelação feita, mais tarde,  pelo referido Apóstolo.

         
O primeiro verso inicia-se assim: “No princípio era o verbo...” (era o verbo = era a Palavra).

         Onde estava o Verbo? (Palavra) No princípio?

         Em Gênesis 1:3 lemos a frase: “E disse Deus”.

         Esta frase indica a fala de Deus, isto é, a Palavra de Deus. Essa fala é o exato veículo, através do qual Deus criou os céus e a terra.

         Em Hebreu 11:3 lemos: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder...”  Em Salmos 33:6 lemos: “Pela palavra do SENHOR foram feitos os céus, e todo o exército deles pelo espírito da sua boca”.

            O que João está dizendo é que quando o princípio começou, isto é, antes que este começasse, conforme entendemos o tempo, a Palavra já existia [Era o verbo]. Isto significa antes, até mesmo de existirem os céus e seus habitantes [anjos].

         Então, a Palavra, ou seja, a fala de Deus, é tão eterna como o próprio Deus, estando sujeita à sua vontade, quando Ele fala.

         Essa eternidade da Palavra de Deus é perfeitamente obvia, pois a Palavra de Deus é a Sua fala eterna. Isso acontece exatamente com a personalidade humana, pois o nosso discurso está sujeito à nossa vontade e existe somente enquanto nós, como indivíduos, existimos.

         Nossa palavra é a legítima expressão do que somos e é através dela que nos comunicamos com os outros, a fim de conseguir que as coisas sejam feitas.

         Nesse ponto da narrativa, o nome de Jesus Cristo não foi mencionado por João; então não devemos concluir que este verbo [Palavra] seja a Pessoa de Jesus Cristo.

         A partir da narrativa, estamos apenas tentando entender o que João está ensinando em cada frase.

         Já examinamos “no princípio era o verbo”.

         Isto significa que a vontade de Deus, expressa com a sua fala, é a Sua Palavra eterna.

         A próxima frase acrescenta um pouco mais sobre a Palavra. João diz que esta Palavra, esse pronunciamento de Deus,  estava com Ele.

        “
No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus”.

       
Onde se origina esta subseqüente declaração? Em que João está  pensando, quando diz isto?

         “Ele (o verbo) estava no princípio com Deus.”

       
É verdade que a Palavra de Deus estava com Ele e não em outra parte. Então existe o lampejo de uma significação mais profunda para esta frase?

         Voltamos a Gênesis 1:26:E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança...”

       
Quem é este que está com Deus? Para tentarmos entender, convém examinar as palavras originais no verso 1 de Hebreus 1:10:

“E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, E os céus são obra de tuas mãos”.

         Aqui o verbo para criar (fundar) é “bara” (singular). Em Hebraico Deus é “Elohim” (plural).

       
A palavra hebraica “Elohim” é um nome no plural e o verbo está no singular, quando, normalmente, deveriam concordar um com o outro em número.

       
A maneira comum de explicar esta gramática incomum de um nome no plural com um verbo no singular, é através do “nós” na realeza.

         Uma expressão que o Rei ou a Rainha devem usar de si mesmos, quando fizerem pronunciamentos da realeza. Vamos nos lembrar do que ela (a Rainha) diz realmente: “Nós (plural), mas ela (a Rainha) é singular.

         Esta forma de expressão é chamada pelos gramáticos de “pluralis excellentiae”.

       
É verdade que Deus, muitas vezes, fala de Si mesmo no plural, na Sagrada Escritura; e usando a explicação acima fica eliminada uma aparente dificuldade gramatical.

       
Esse desvio literário “pluralis excellentiae” era desconhecido por Moisés, pelos profetas, pelo faraó, por Nabucodonosor, por Davi e por todos os outros reis de Israel, porque através da Lei e os Profetas, todos eles falavam: não como os reis modernos estão prontos a falar - “Nós ordenamos”, mas usaram a fórmula normal, “eu ordeno”, etc.

         Em Daniel 3:29 lemos: Por mim, pois, é feito um decreto...”.

            Em Gênesis 41:41, lemos: “Disse mais Faraó a José: Vês aqui te tenho posto sobre toda a terra do Egito”.

       
Sem levar em conta este “nós” da realeza, as palavras em  Gênesis 1:26, são muito claras, em que Deus disse: Façamos o homem à nossa imagem”. Então João conclui que o Verbo (Palavra) estava no princípio e estava com Deus. Lembrem-se que é a fala de Deus, Sua Palavra, que cria.

         Existe  um mistério em torno deste plural de Deus usado com o verbo no singular. Contudo, sem esta construção, a Escritura ainda diz as palavras “Façamos” e também diz “à nossa imagem”. É como se Deus estivesse falado com outra pessoa da mesma essência dEle mesmo, ao usar o “nós” em “nossa imagem”.

       
Então, o ensino do Velho Testamento, com respeito à natureza de Deus, é que existe somente um Deus, não dois ou três.

         Por exemplo, em Deuteronômio 6:4 lemos: “Ouve, Israel, o SENHOR nosso Deus é o único SENHOR”. Isso foi dito aos israelitas para evitar que eles se envolvessem no politeísmo, que era rompante no tempo de Moisés.

       
Numa seção seguinte existem detalhes familiares relacionados a este plural de Deus, Elohim, o “pluralis excellentiae”. A declaração seguinte de João ée o verbo era Deus”.

       
Esta declaração está absolutamente correta, pois o Verbo (Palavra), a fala de Deus, é obviamente uma expressão do próprio Deus. João não poderia dizer: “O verbo era o Deus”, isto é, a totalidade de Deus - “Elohim”. Muito mais do que podemos dizer que a nossa palavra é a nossa totalidade.

       
O que João está expressando aqui é que o Verbo (Palavra) estava com Deus e o próprio Verbo (Palavra) também era Deus, da mesma substância. Mas João não confunde o Verbo (Palavra) de Deus com a totalidade de Deus - Elohim.

       
O Verbo (Palavra) é a expressão da Divindade,  isto é, Ele é tão eterno como Deus é. Mas Ele (o Verbo) também está sujeito a Deus, mesmo sendo o próprio Deus em essência, pois a Palavra expressa a natureza e o caráter de Deus.

       
Quando a totalidade de Deus (em Hebraico = Elohim) deseja criar as coisas, ou comunicar a Sua vontade às criaturas, Ele fala através da Palavra (Verbo).

         Vamos ao resumo de João 1:1:No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”.

       
Pois é isso exatamente o que Gênesis 1:1 nos ensina: “No princípio criou Deus os céus e a terra”.

       
Claro que tudo pressupõe que Gênesis 1:1 contém a verdadeira revelação de como o mundo veio a existir.

         Os ateus acreditam que Gênesis é apenas um mito, o mesmo acontecendo até mesmo com alguns cristãos.

         A teoria da evolução orgânica - que hoje existe na história - substituiu Gênesis como explicação da origem do homem, mesmo tendo Cristo se referido a Gênesis 1, em sua discussão com os fariseus sobre o casamento. Comparar Mateus 1-6 com  a Gênesis 2:23-24:E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada. Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.

       
Em Gênesis 1:2 o Espírito de Deus é descrito como se movendosobre a face das águas”, as quais cobriam a terra na semana da criação.

         Jamais deve haver qualquer dúvida da parte dos que estudam a Escritura, de que o Espírito de Deus é Deus, parte de Deus e poder de Deus. Esta verdade é aceita até mesmo pelos que não crêem no Deus Trino e nem que o Espírito Santo seja uma Pessoa. Todos eles crêem que o Espírito de Deus é eterno, do mesmo modo como Deus é eterno. Claro que através da Escritura o Espírito de Deus se assemelha ao sopro de Deus, o qual procede de Sua boca, exatamente como o Verbo (Palavra) de Deus procede de Sua boca.

         Agora o leitor pode entender que cada coisa que João diz está  embasada em Gênesis e a declaração dele referente à Palavra de Deus está completamente em sintonia com o que Gênesis ensina.

       
A conversa de Deus, no princípio, foi com Elohim e era uma expressão de Elohim, isto é, de Deus. Neste ponto a narrativa de João ainda não menciona Jesus Cristo e o leitor não deveria conectar o Verbo (Palavra) com Ele.

       
O leitor deve eliminar agora essa identificação de sua mente, à medida em que prosseguimos, para entender a narrativa.

       
A controversa Tradução (Novo Mundo) diz que “O verbo era um deus”, declaração completamente absurda, pois o Verbo (Palavra) de Deus é a Sua expressão. Não se pode chamar a eterna expressão de: “um deus”, pois ela é a completa expressão da Divindade. Podemos traduzi-la como “A Palavra era divina”, como alguns tradutores têm feito.

         A construção na gramática grega de “Deus era a Palavra” é chamada “nomes predicados definidos” que precedem o verbo. Deus, o nome, vem antes do verbo, e “era” não toma o artigo definido “o”, conforme o idioma grego. A tradução grega “O verbo era um deus” é errada, pois a regra Colwells nos mostra que:


Nomes predicados que precedem o verbo não tomam o artigo definido.

         Lembrem-se que não existe artigo INdefinido na língua grega (Vejam Apêndice 2 sobre a Regra de Colwell).

         Mais de 95% das traduções dizem:O Verbo era Deus”.

       
No início do verso, temos (em Grego) “no princípio”. Esta é uma frase preposicional que não contém o artigo definido, mas é totalmente definida.

         A próxima declaração de João éEle estava no princípio com Deus”.

        “
No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus(João 1:1-2).  Isto nos diz a mesma verdade de que no princípio Deus estava com a Sua Palavra, a Sua fala, a expressão de Sua perfeita vontade.

         Novamente não existe aqui qualquer menção ao nome de Jesus Cristo, daí por que não devemos tirar ainda conclusão alguma sobre Ele.

       
No verso 3 João nos diz: “Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”Que essa Palavra trouxe todas as coisas à existência, é a mesma informação que nos é entregue em Gênesis.

A criação principiou quando... E disse Deuse João completa a seqüência com o verso 3:Haja luz; e houve luz”.

       
Esta é exatamente a verdade que Deus, através de Sua voz, Palavra, fala, trouxe à existência todas as coisas que não existiam, tudo  isso devido à Sua Palavra. Tudo aconteceu porque “Disse Deus”...

       
A definição exata de Deus é que Ele é o Criador do Universo.

         A seguir, João se move para descrever mais sobre o Verbo (Palavra), o que, inevitavelmente o leva a uma inacreditável conclusão. Esta é a conclusão a que ele chega, no verso 14:

        “
E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

       
A inacreditável Palavra revelada é que o Verbo de Deus, a fala de Deus, a vontade de Deus, expressa pela Sua própria boca, é que “O verbo se fez carne na Pessoa de Jesus Cristo”. Esta é a verdade que está sendo totalmente revelada por João, pela primeira vez.

         Esta revelação que João torna conhecida é tão monumental que é dificilmente crida, que Deus na Pessoa do Seu Filho, o Verbo, se tornou carne, tendo nascido como Jesus de Nazaré.





 

Capítulo 3
Mais Evidências do Novo Testamento
 

        Para João, um judeu monoteísta, atrever-se a identificar Jesus de Nazaré como o Cristo, o Messias Divino, era algo que não podia provir de sua própria mente, mas de uma revelação direta do próprio Deus: “Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir”. (João 16:13).

         O leitor precisa entender que os apóstolos, sendo judeus, acreditavam exclusivamente numa religião monoteísta e, para eles, adorar um homem como Deus seria totalmente inadmissível e até blasfemo.

       
A barreira para essa adoração seria intransponível, exceto, como neste caso, que tivessem sido iluminados pelo Espírito Santo, conforme Jesus havia prometido.

         Então, novamente, Ele prometera que o Espírito Santo lhes traria às mentes as coisas que Ele não lhes havia falado:Tenho-vos dito isto, estando convosco. Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito(João 14:25-26).  Eles não poderiam ter recebido essa revelação, logo após terem sido vocacionados ao discipulado de Cristo. Teria sido contundente demais para que  pudessem  suportá-la.

         Seria muito melhor que tivessem a verificação dessa completa verdade, após a Ascensão de Cristo, de modo que, quando se conscientizassem de Quem realmente havia estado entre eles, pudessem ficar maravilhados.

         E foi a crença em Sua Divindade que os incentivou ardorosamente a pregar as boas novas com tanto fervor. Ela os sustentou pelo resto de suas vidas. Mal posso imaginar como eles se sentiram, quando ficaram cônscios de que o Criador do Universo os havia escolhido para serem Seus companheiros.

         Paulo nos fala dessa decisão de fazer-nos companheiros no Reino de Deus, antes mesmo que o mundo fosse criado: “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade” (Efésios 1:4-5).



        Jesus Cristo é o Criador e Sustentador do Universo

        Hebreus 1:3 nos ensina exatamente isso: “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da majestade nas alturas”.

         Crer realmente nisso é tão difícil que às vezes até eu mesmo tenho dificuldade em acreditar, porém devemos reconhecer que a Divindade de Jesus Cristo é o que eleva o Cristianismo acima de todas as demais ideais religiosas já inventadas pelos homens.

       
A Divindade não foi concebida humanamente, mas foi uma verdade revelada por Deus sobre a Sua própria natureza.

       
Devo enfatizar novamente que para os judeus esse ensino era inadmissível por causa da imutabilidade da  crença monoteísta  de suas mentes. Por isso, somente através de uma revelação direta é que os apóstolos chegaram a esse entendimento.

         Esta é a mais indescritível verdade já conhecida pela humanidade, que o Criador do Universo, o Senhor Eterno dos Céus, pudesse se tornar um de nós, a fim de salvar-nos da morte eterna. Isto significa que Deus compartilhou do nosso sofrimento, da nossa humanidade e que ninguém poderá acusá-Lo da incapacidade de sentir o nosso problema.

         Se Jesus não fosse Deus, então Deus estaria excluído do real sofrimento da humanidade. Com a verdade de Sua Divindade, Deus sofre junto conosco em Sua Paternidade de Jesus e em Seu próprio sofrimento físico e morte na cruz.

         Este evento na história humana, o Verbo (Palavra) se tornando carne, conforme as Escrituras, já estava preordenado antes da fundação do mundo, sendo uma verdade que há de perdurar por toda a eternidade, por ser a legítima natureza e história de Deus.

         Ora, a Divindade de Cristo está completamente de acordo com a verdade apresentada no capítulo 1 de Gênesis e, se esta Escritura está errada, então Deus também pode errar.
 







Capítulo 1-3 do livro “A Proof Set in Stone”, pelo
Dr. Peter Bluer (Discípulo de Sir Robert Anderson)
Traduzido por Mary Schultze, abril 2005.




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